Antes de conhecermos com detalhe o mundo microscópico atribuíam-se aos organismos vivos capacidades essenciais que os distinguiam como a auto-reprodução, a auto-manutenção e a adaptação ao meio ambiente, que se traduz na evolução ao longo do tempo. Mesmo as bactérias, que são seres unicelulares, possuem estas capacidades. De facto, sem as referidas características não é possível vida autónoma e sustentada. Mas, como quase todos os dogmas em ciência, uma simplas descoberta pode pô-los em causa e alterar as nossas definições.
E foi precisamente isto que aconteceu quando se descobriram os vírus que são “apenas” partículas de material proteico e ácidos nucleicos mas que não possuem a capacidade de auto-reprodução ou auto-manutenção. Mas todos nós já sofremos os efeitos de infecções virais e à primeira vista provavelmente diríamos que também os vírus devem ser seres vivos.
De facto, os vírus são mestres na arte de ocupar células vivas, usarem a maquinaria destas para se reproduzirem e em seguida espalharem-se a outras células. Portanto, apesar de não se poderem reproduzir ou manter por si próprios, têm a capacidade de se adaptar de forma extraordinariamente rápida ao seu hospedeiro. Sendo tão simples, os vírus não têm os constrangimentos evolutivos que os “verdadeiros” seres vivos têm já que estes últimos precisam de se adaptar mas mantendo as funções complexas básicas intactas que os permitem continuar a viver de forma autónoma e sustentada.
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